quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O menino e o velho

Saiam pelas ruas um menino com cara de anjinho, cabelos cacheados, calças curtas de menino e perfume de alfazema em companhia de um velho ranzinza, de cabelos aparados, barba feita, calça de brim e suspensório. Na cabeça, um boné xadrez, na boca um palito e atras da orelha um lápis.
Foram passeando, sem pressa de chegar, pararam na praça e o menino pediu um sorvete de maracujá, mais gostoso não há. Mal dera dois passos e o sorvete encontrara seu fim derradeiro no chão da praça. A criança olhou para o homem, que nada falou. Apenas balançou seu palito de dentes com a ponta da língua e foi embora. A partir daquele momento, os dois estavam sozinhos, cada um com a sua dor. Um com pena e o outro sentindo-se injustiçado, mas ambos com um buraco enorme no peito, o buraco negro da solidão. Quem me contou essa história foi um homem, que jura ter visto tudo, inclusive o momento em que aquele pequeno anjinho enxugou as lágrimas de um septuagenário.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Educação e inclusão digital

Em 2006 um adolescente andava pelas ruas com uma camisa do Che Guevara. Quando questionado sobre quem era o ídolo estampado em sua camisa respondeu: - É o atual presidente da Venezuela. Resposta que causou um espanto imediato nos presentes, e um amigo, querendo corrigi-lo, disse: - Na verdade é o presidente de Cuba. - Causando total perplexidade em todos ao redor.
Bem, esse é o retrato típico dos jovens do século XXI. Depois de anos de lutar por liberdade política, religiosa, pelo acesso a informação, chegamos a era google. Tempo de globalização, universalização do conhecimento/informação, facilidade de acesso, inclusão digital, internet a R$ 0,50 por minuto e ninguém sabe de nada.
Noutrora, existiam homens de 14 anos, responsáveis pelo sustento da família, pela segurança de impérios, pela continuidade de linhagens reais. Como por exemplo Aníbal, general cartaginês, chefe do exercito e herdeiro do império. Hoje, vivemos num mundo em que o príncipe Charles esta chegou aos 64 anos agarrado na saia da mãe, e como ele, existem muitos meninos acima de 40 anos que não passam de crianças grandes.
Voltando aos adolescentes do inicio do post, um deles, certa vez, confundiu, Nelson Rodrigues com Ney Matogrosso, por isso vou encerrar com uma citação de Nelson Rodrigues.


"O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota."