quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O menino e o velho

Saiam pelas ruas um menino com cara de anjinho, cabelos cacheados, calças curtas de menino e perfume de alfazema em companhia de um velho ranzinza, de cabelos aparados, barba feita, calça de brim e suspensório. Na cabeça, um boné xadrez, na boca um palito e atras da orelha um lápis.
Foram passeando, sem pressa de chegar, pararam na praça e o menino pediu um sorvete de maracujá, mais gostoso não há. Mal dera dois passos e o sorvete encontrara seu fim derradeiro no chão da praça. A criança olhou para o homem, que nada falou. Apenas balançou seu palito de dentes com a ponta da língua e foi embora. A partir daquele momento, os dois estavam sozinhos, cada um com a sua dor. Um com pena e o outro sentindo-se injustiçado, mas ambos com um buraco enorme no peito, o buraco negro da solidão. Quem me contou essa história foi um homem, que jura ter visto tudo, inclusive o momento em que aquele pequeno anjinho enxugou as lágrimas de um septuagenário.

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