terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ditadura digital

Comprei uma caneta tinteiro. Linda! Design italiano, feita artesanalmente, macia, azul marinho, já falei que ela é linda?
Mas e agora?
Agora vou escrever para estreá-la. Só um minuto, vou pegar um caderno...
Cade os meus cadernos?! 
Meus papéis de carta? 
Por favor, preciso de um bloco de notas! 
Como sumiram todos os papéis desta casa? 
Eu dormi com um caderno de perguntas e acordei no facebook! O que houve?
 Quero de volta os meus rascunhos em folha de caderno, passados a limpo em papel almaço!
Como é frustrante viver em uma ditadura digital!
Eu perdi o direito de usar a minha caneta!!!
E ela é tão bonita...

terça-feira, 4 de junho de 2013

A terça-metade

Um dia, vieram me contar uma história, que começava da seguinte maneira: - você não sabe a terça-metade! E enquanto a pessoa falava sem parar, de uma história sem importância, eu comecei a pensar no que consistia a terça-metade...
Eis o que eu pensei:
A terça-metade, pode ser a metade de um terço. (um terço fração ou um terço religioso)
Ainda na fração, pode ser um terço da metade. (que eu não tenho certeza se é a mesma coisa que a metade de um terço)
De qualquer forma, pegar uma coisa qualquer, dividir exatamente ao meio e ter como resultado um terço é estranho.
Ok
Fui pra literatura, pois se um rio pode ter três margens, então alguém pode achar a terça-metade do rio, no mesmo lugar onde fica a terceira margem. (difícil é saber onde é esse lugar)
Pensei no espaço, em buracos negros dividindo o universo...
Finalmente, qdo eu estava quase desistindo, pensei no abacate.
Claro!
O abacate!
Se cortar um abacate exatamente ao meio, o resultado são três partes, duas partes de fruta e uma de semente. Então, a semente do abacate deve ser a terça-metade.
Tem que ser!
Alguém discorda?

terça-feira, 5 de março de 2013

Ser criança é ter avó

Ser criança é ter avó e todo mundo tem duas, certo? Bem, como eu não sou todo mundo e minha infância foi muito diferente, eu tive 8, isso mesmo, OITO AVÓS, e não tive mais, por quê achei exagero.
Hoje eu levantei da cama ainda dormindo, arrastei o chinelo até a cozinha para fazer café, e me deparei com um bolo de cenoura maravilhoso, que me trouxe lembranças de Vó.
Posso dizer que quando menina, fiz a "revolução industrial" das avós. Tinha uma que me viu nascer, essa esteve sempre ao lado da minha mãe, e freqüentava assiduamente as festas do meu colégio, sua mãe, também era a minha Vó, e foi quem me ensinou a comer tangerina pacientemente gominho por gominho, tirando toda a pele, já a mãe dela, era a Vó que fazia canjica.
Tive três gerações de avós na mesma família.
Além destas, tinha outras.
A que fazia um bolo de cenoura inesquecível, a que era casada com o meu avô, tinha uma casa com piscina e dirigia. Ah, eu adorava passear de carro com a minha Vó. A irmã dela, que tinha uma casa com flores bonitas na entrada e morava perto de uma pracinha muito legal de brincar.
Tinha também a madrinha da minha mãe, aquela que faz festa toda vez que a gente chega, fala alto e esta sempre animada. E por ultimo, mas não menos importante, tinha a mãe do meu pai, que me dava café com leite em xícaras de porcelana, o que fazia com que eu me sentisse adulta aos seis anos. E eu tomava conta dela, enquanto ela dormia ouvindo a Ave Maria no rádio. Bom, essas são as minhas avós, e é claro que além dessas eu tinha mais duas, uma que era avó dos meus irmãos e a outra que era avó da afilhada da minha mãe, mas catei todas pra mim. E não tem um dia que eu não pense nelas. Toda criança tem que ter avó. Eu tive várias e amei todas, mas as vezes sinto falta da que não tive, a mais importante. A mãe da minha mãe.

Ps: não sei se foram realmente 8, contem aí e me falem depois.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

O menino e o velho

Saiam pelas ruas um menino com cara de anjinho, cabelos cacheados, calças curtas de menino e perfume de alfazema em companhia de um velho ranzinza, de cabelos aparados, barba feita, calça de brim e suspensório. Na cabeça, um boné xadrez, na boca um palito e atras da orelha um lápis.
Foram passeando, sem pressa de chegar, pararam na praça e o menino pediu um sorvete de maracujá, mais gostoso não há. Mal dera dois passos e o sorvete encontrara seu fim derradeiro no chão da praça. A criança olhou para o homem, que nada falou. Apenas balançou seu palito de dentes com a ponta da língua e foi embora. A partir daquele momento, os dois estavam sozinhos, cada um com a sua dor. Um com pena e o outro sentindo-se injustiçado, mas ambos com um buraco enorme no peito, o buraco negro da solidão. Quem me contou essa história foi um homem, que jura ter visto tudo, inclusive o momento em que aquele pequeno anjinho enxugou as lágrimas de um septuagenário.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Educação e inclusão digital

Em 2006 um adolescente andava pelas ruas com uma camisa do Che Guevara. Quando questionado sobre quem era o ídolo estampado em sua camisa respondeu: - É o atual presidente da Venezuela. Resposta que causou um espanto imediato nos presentes, e um amigo, querendo corrigi-lo, disse: - Na verdade é o presidente de Cuba. - Causando total perplexidade em todos ao redor.
Bem, esse é o retrato típico dos jovens do século XXI. Depois de anos de lutar por liberdade política, religiosa, pelo acesso a informação, chegamos a era google. Tempo de globalização, universalização do conhecimento/informação, facilidade de acesso, inclusão digital, internet a R$ 0,50 por minuto e ninguém sabe de nada.
Noutrora, existiam homens de 14 anos, responsáveis pelo sustento da família, pela segurança de impérios, pela continuidade de linhagens reais. Como por exemplo Aníbal, general cartaginês, chefe do exercito e herdeiro do império. Hoje, vivemos num mundo em que o príncipe Charles esta chegou aos 64 anos agarrado na saia da mãe, e como ele, existem muitos meninos acima de 40 anos que não passam de crianças grandes.
Voltando aos adolescentes do inicio do post, um deles, certa vez, confundiu, Nelson Rodrigues com Ney Matogrosso, por isso vou encerrar com uma citação de Nelson Rodrigues.


"O grande acontecimento do século foi a ascensão espantosa e fulminante do idiota."

sábado, 26 de janeiro de 2013

Um menino chamado mané

Há oito anos, um menino chamado mané, começava uma redação cujo tema era: - como seria um mundo perfeito? A partir desta pergunta, ele veio me falar que o mundo seria perfeito se ninguém precisasse estudar, mas pra isso seria preciso que todos nascessem inteligentes, pois não seria legal um mundo de gente burra. Nesse lugar, ele poderia soltar pipa o dia inteiro e ainda sim seria um bom aluno. Semana passada, esse mesmo menino (o mané), questionado sobre desigualdade social respondeu que algumas pessoas podem ser ricas sim num país de pobres, pois riqueza gera conforto e se ele pudesse ser milionário, seria. Contudo querer passar de milionário a bilionário é se deixar levar pela ganância, e a ganância de poucos gera opressão aos pobres criando um caos social, a queda de empresas e governos e proliferando assim a miséria no mundo.

Vivemos numa sociedade, onde ter consciencia social é ser mané.

Ser experto é passar por cima de seu semelhante. Enganar, desviar, oprimir, ignorar a vida, a saúde e a segurança de todos em nome do lucro, como no caso da boate kiss em Santa Maria.

Que mundo os expertos pensam viver no futuro?
Num mundo em que não existirão mais manés?
Será que eles vão enganar uns aos outros?
Quem será que ganha essa disputa?